quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Edição Especial da Feira Agroecológica do Benfica



Edição Especial da Feira Agroecológica do Benfica

O Grupo de Consumidores Responsáveis do Benfica realizará uma Edição Especial da Feira Agroecologica no próximo domingo, dia 29 de agosto, a partir das 8h com programação prevista até ás 14h. Local da Feira: Praça da Gentilãndia (Av. Treze de Maio com Rua Waldery Uchoa – Benfica – Fortaleza-CE)

A iniciativa conta com o apoio da Alternativa Terrazul e será feita em sintonia com a SAUB – Semana de Arte Urbana do Benfica realizado pelo grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação em parceria com outros coletivos da cidade de Fortaleza.

Para mais informações sobre a SAUB: http://meiofiopesquisaacao.blogspot.com

Sobre a feira agroecológica e o Grupo de Consumidores: http://consumidoresresponsaveis.blogspot.com

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Homem que cultiva a água

Fenomenal!!



por Brad Lancaster

Viajando pelo sul da África neste verão (1995) ouvi falar de um homem que cultivava a Água.

Parti à procura sem idéia clara do meu rumo. Me encontrei num ônibus folclórico abarrotado atravessando ruidosamente o interior do sul de Zimbabwe a uns 30 km por hora.

A paisagem era bela: colinas suaves de capim amarelo em terra vermelha, com moitas de arvores retorcidas, às vezes em forma de guarda-chuva. Cochilei até, nove horas depois, chegarmos na região mais seca de Zimbabwe.

Do topo da colina de vegetação semidesértica avistamos uma campina imensa de colinas onduladas cobertas de capim seco e afloramentos de granito; poucas árvores. Lembrei da campina aberta do sudoeste de Arizona. De fato, tudo era coroado por um céu azul límpido como aqueles que do sudoeste árido dos EUA. O ônibus adentrou vagarosamente a capina seca e parou no lugarejo de Zvishavane. Aqui mora o cultivador de água.

Enquanto o sol se punha, procurei um lugar para estender o saco de dormir, e adormeci. Na manha seguinte, peguei carona com a diretora do CARE Internacional. Ela me levou a uma fila de casas térreas. Uma destas era o escritório simples do Projeto de Recursos de água de Zvishavane (Zvishavane Water Resources Project (ZWRP). Lá, na varanda, estava sentado o cultivador de água, lendo a Bíblia.

Na minha chegada ele se levantou com um sorriso enorme e saudações cordiais. Aqui, finalmente, estava Sr. Zephania Phiri Maseko. Ao descobrir a distância que eu percorrera, ele desatou a rir maravilhosamente. Me contou que ultimamente chegam visitantes de todos os pontos do globo, quase diariamente. Mesmo assim, cada um é uma surpresa.

No jipe atravessamos a solavancos as estradas de terra erodidas rumo ao seu sítio, enquanto Sr. Phiri falava, ria, e gesticulava, contando infindáveis analogias e histórias poéticas. A melhor de todas é a dele.

Em 1964 foi dispensado do seu emprego na ferrovia por estar politicamente ativo contra o governo branco rodesiano. O governo alertou que nunca mais trabalharia em nenhuma função. Tendo que sustentar uma família de oito, Sr. Phiri recorreu as duas coisas que tinha: uma propriedade familiar de 3 hectares, e a Bíblia.

Ele não usa a Bíblia somente como guia espiritual – usa como manual de jardinagem. Ao ler a Gênese, viu que tudo de que Adão e Eva precisavam era suprido pelo jardim de Éden. ” Assim”, pensou, “preciso criar meu próprio Jardim de Éden”. Mas se deu conta que Adão e Eva tinham os rios Tigres e Euphrates na sua região. Não tinha nem sequer um riacho intermitente. “Então,” pensou Sr. Phiri, “preciso também criar meus próprios rios. ” Ele fez ambos.

O seu sítio fica nas encostas de uma colina, voltado p/ N-NE (lembrando que este é o hemisfério sul). No topo da colina há um afloramento grande de granito onde a água das enxurradas escorre livremente. A precipitação anual media é de 570 mm ( um pouco acima de 22 polegadas), mas como ele, aponta, é uma média baseada em extremos. Muitos anos são de seca, quando a terra tem sorte se recebe 12 polegadas ( 270 mm) de chuva.

No começo era muito difícil desenvolver as culturas, muito menos lucrar delas, devido às secas freqüentes e falta total de equipamento ou capital para irrigar a partir do lençol freático.

Ele dedicou tempo observando o que acontecia quando de fato chovia. Em pequenas depressões e no lado superior das rochas e das plantas, a umidade do solo durava mais do que em áreas onde a água escoava livremente. Assim começou a auto-educação e o trabalho de coleta de água de chuva. Ao longo de 30 anos Sr. Phiri criou um sistema sustentável que preenche todas as suas necessidades em água, só com a chuva.

“Tem que começar a captação no alto, e sarar as voçorocas jovens antes das velhas e profundas rio abaixo,” diz Sr. Phiri. Começando no topo da divisória de águas ele construiu muros de pedra seca aleatoriamente mas nas linhas de contorno. Tendo funções similares aos gaviões [cestas quadradas de arame preenchidas de rochas utilizadas para captar água e sedimentos em grandes vossorocas, NT ] , estes muros diminuem a velocidade do fluxo de água de tempestades , que atravessa lentamente os espaços entre as pedras. Assim amansa-se o fluxo de água saindo da redoma do afloramento de granito, direcionando-a para reservatórios permeáveis, que, como tudo na propriedade, foram construídas com ferramentas de mão e o suor de Sr. Phiri e suas duas esposas.

O maior dos dois reservatórios ele chama o seu centro de imigração. “É aqui que dou as boas-vindas para a água em minha propriedade e depois a direciono para onde residirá no solo” , ele explica, rindo. “O solo,” explica, “é como uma lata. A lata precisa segurar toda a água. Vossorocas e erosão são como buracos na lata que permitem que a água e a matéria orgânica escapem. Estes precisam ser tapados.” O ” centro de imigração” serve também de medidor de chuva, porque sabe que se encher três vezes durante uma estação, infiltrou chuva suficiente ate o lençol freático para durar dois anos.

O reservatório menor direciona a água via uma manilha para uma cisterna livre de ferro-cimento que alimenta o quintal durante as secas. Tem outra cisterna de ferro-cimento, sombreada por um pé de maracujá luxuriante, que capta a água do telhado. Alem destas duas cisternas , todas as estruturas de captação de água na propriedade visam infiltrar a água no solo o mais rápido possível.

Perto da casa ha uma pia externa onde as águas servidas escoam para uma cisterna subterrânea, forrada de pedras secas, onde a água rapidamente se infiltra. Do topo da divisória de águas ate o fundo existem varias estruturas para a captação de água como represas de retenção, gaviões, terraços, valas de infiltração (“swales”), e “covas de fruição”.

O governo colocou valas de escoamento na região toda muitos anos atrás, mas feitas fora das linhas de contorno, para acabar com a erosão em laminas, levando a água das tempestades para um dreno central. O problema de erosão resolveu-se, mas as terras acabaram sendo roubadas da sua água. Assim, Sr. Phiri cavou grandes “covas de fruição” de 10x6x4 pés no fundo de todas as suas valas. Quando chove, a água enche a primeira cova e o excedente enche o seguinte, continuando assim até os limites da propriedade. Muito depois do fim da chuva, a água continua nas covas, infiltrando no solo.

Em volta das covas capins grosseiros são cultivados para controle de erosão, para cobertura das casas, e venda. Muitas árvores frutíferas vigorosas foram plantadas por Sr. Phiri ao longo dessas valas para fornecer alimentos, sombra, e quebra-ventos. São alimentadas estritamente pelas chuvas e o lençol freático, que vai se aproximando da superfície.

Como Mr. Phiri explica: “Cavo valas e covas de fruição para plantar a água para que possa germinar em outro lugar.” ” Ensinei o meu sistema às árvores,” continua. “Elas entendem-no e à minha linguagem. As coloco aqui e digo ‘Olha, a água esta aqui. Vão a procura.” Nenhuma bacia nem divisória para segurar ou negar a água é colocada em volta delas; as raízes são encorajadas a se esticarem e encontrar a água.

Uma mistura diversa de culturas não híbridas como abóbora, milho, pimenta, beringela, taboa para cestas, tomate, alface, espinafre, ervilha, alho, feijão, maracujá, manga, goiaba, e mamão, juntamente com arvores nativas como matobve, muchakata, munyii, e mutamba são plantadas entre as valas.

Esta diversidade oferece segurança alimentar porque na falha de alguma cultura devido a seca, doença, ou praga, outras sobreviverão. A utilização de culturas não híbridas garante que Mr. Phiri possa colecionar, selecionar, e utilizar as suas próprias sementes de um ano para outro.

Há uma abundância de plantas fixadoras de nitrogênio. Guandu é um exemplo, e serve também para forragem e cobertura morta. Sr. Phiri percebeu que solos fertilizados quimicamente não infiltram nem seguram água muito bem. Como diz: “Você aplica o fertilizante um ano, e não no ano seguinte, as plantas morrem. Você aplica esterco e plantas fixadoras de nitrogênio uma vez, e as plantas continuam a prosperar vários anos em seguida. Solo fertilizado quimicamente é amargo.”

Os alimentos e as frutas que Mr. Phiri produz estão longe de serem amargos. Ele tem sido generoso na sua abundância, dando mudas de arvores para quem quisesse. Infelizmente, como ele mesmo aponta, a maioria das arvores que ele doa morrem se não foram implementadas as técnicas de coleta de água antes do plantio. Ele propaga as arvores em sacos velhos de arroz e grãos perto de um dos poços a céu aberto no fundo da propriedade.

Ele descreve os poços com outra analogia: “A água é como o sangue — é sempre atraída à ferida. As vossorocas são feridas. O sangue vai até a ferida para saná-la. Se faz com gaviões e valas de infiltração onde a vossoroca se enche de solo fértil.” Com este conhecimento Mr. Phiri cavou três poços no fundo da sua propriedade sabendo que a água coletada no seu terreno se infiltraria no solo e acharia seu caminho até as feridas no fundo da propriedade.

O solo é sua bacia de captação. No tempo da seca, os poços dos vizinhos secam (mesmo os mais profundos do que os dele) mesmo assim os seus poços sempre contêm água “em que posso mergulhar os dedos”, porque ele repõe de longe mais água dentro do seu solo. Com a exceção de um poço que é forrado e munido de uma bomba manual para água de uso doméstico, os outros são forrados com pedras secas. “Estes poços” ele explica, “são aqueles do homem generoso. A água vem e vai como quiser, porque , como você vê, no meu terreno ela se encontra em todo lugar.”


Em tempos de seca severa, Sr. Phiri tira água destes poços para irrigar culturas anuais nos campos vizinhos. Ele utiliza uma bomba conhecida como Shaduf Egipcio, que não passa de uma bomba manual que utiliza um pneu velho de trator para bombear a água. Uma manivela abre e fecha a bexiga (o pneu) como um acordeão, criando a sucção necessária.

Um brejo natural luxuriante se encontra abaixo dos poços no ponto mais baixo da propriedade. Aqui Sr. Phiri pratica piscicultura em três reservatórios. Conforme os dois menores vão secando, os peixes são coletados ou realocados ao grande.

É aqui onde Sr. Phiri instalou uma plantação densa de bananeiras! Terras secas de todo lado, mas na sua propriedade uma floresta de bananeiras! Cana de açúcar, taboa, e capins como capim elefante também são plantadas nos embancamentos para segurar o solo.

O gado se beneficia desta vegetação densa, plantadas para filtrar a água antes que entre no reservatório. Esta forragem nobre é reservada para as vacas prenhas. No começo Sr. Phiri teve de ir a três audiências por violar as leis que proíbem cultivo no brejo. Eram leis do tempo colonial. Finalmente, na terceira audiência, ele conseguiu convencer o juiz a visitar a sua propriedade. Ao ver o trabalho feito, o juiz arquivou a denúncia na hora.

No solo deste sítio fluem os rios “Tigris e Euphrates”; os reservatórios são o local onde afloram. O ciclo do Jardim do Éden do Sr. .Phiri, que começa a ser percebido depois de 30 anos obscuros e às vezes de desprezo, continua a crescer. Das últimas três décadas ele diz: “Claro, é um processo lento, mas é a VIDA. Lentamente implemente os projetos, e conforme a sua vida comece a rimar com a Natureza, logo outras vidas começam a rimar com a sua.”

Em conjunto com a ONG que criou, O Projeto Zvishavane de Recursos Hidricos ele espalha suas técnicas. Influenciou a CARE Internacional na sua região ao ponto que, em vez de distribuir alimentos, eles agora implementam os seus métodos para que as pessoas possam plantar seus próprios alimentos.


Ele tem visitado escolas onde os professores estavam em greve devido à falta d’água e às condições difíceis em sala de aula empoeiradas e sacudidas pelos ventos. Ele ensinou os professores e estudantes a colher a água da chuva, e juntos transformaram as escolas em jardins luxuriantes, eliminando o motivo de greve. “Lembre que as crianças são as nossas flores, “diz Sr. Phiri, “dê-lhes água, que crescem e dão flor.”

O projeto de Mr. Phiri trabalha localmente (uma grande razão do sucesso) . Mesmo assim o Projeto sempre precisa de fundos. Se você gostaria de ajudar, escreva ao Sr. Zephania Phiri Maseko:

Zepheniah Phiri
The Zvishavane Water Project
P.O. Box 118
Zvishavane, Zimbabwe
Phone: 263 51 3250







segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um brinde a água torneiral!

Pequenos confortos do dia-a-dia nem sempre são tão inofensivos quanto parecem. As garrafinhas descartáveis de água, por exemplo. Ao andar pela rua de sua cidade olhe ao redor. Repare quantas pessoas você pode ver com uma delas nas mãos.

O capitalismo sedento nos empurrou goela abaixo um produto industrializado que podemos consumir a qualquer hora diretamente das torneiras, ao menos nas principais cidades do país com tratamento básico eficiente. E é justamente nestas regiões onde as garrafinhas são mais consumidas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) dá conta de que o mercado das garrafas de água prospera com um crescimento anual de 12%. E que um litro da “água industrial” chega a ser 2.000 vezes mais cara do que a mesma quantidade da “torneiral” potável.

Em 2003, Ano Internacional da Água, a ONU publicou estudo afirmando que a indústria já faturava US$ 22 bilhões com quase 90 bilhões de litros de água vendidos no planeta. O estudo revelou não haver indícios de que a água mineral industrializada contenha mais nutrientes do que a água da torneira. Então porque gastamos dinheiro com elas?

A ONU disse ainda que 75% da água industrial é retirada de nascentes e aqüíferos subterrâneos. Isto quer dizer que, não demora muito, a exploração desmesurada dessas reservas pode comprometê-las seriamente.

Mais razões para deixar de beber água das garrafinhas? É só lembrar dos impactos ambientais que envolvem seu processo de fabricação: desde o uso de recursos naturais para a produção da embalagem plástica, até o gasto de mais água e energia para o envasamento, as emissões de gases no transporte e a quantidade de lixo que vai para os aterros, já que – ainda de acordo com a ONU – nem 10% das garrafas PET são recicladas em todo o mundo.

O problema das garrafinhas é o mesmo dos inconvenientes garrafões. No Brasil muitas das grandes empresas aboliram os bebedouros abastecidos com eles em favor de filtros e purificadores. Renomados restaurantes europeus também aderiram a essa opção. Em São Paulo há até uma iniciativa de incentivo à prática com o projeto Água na Jarra, apoiado pelos governos municipal e estadual.

Se todos esses argumentos ainda não convenceram, vá até a cozinha, pegue um copo de água da torneira e depois dê uma olhada no vídeo produzido pela ambientalista norte-americana Annie Leonard sobre o assunto.


http://www.youtube.com/watch?v=HvstiO93pUk&feature=player_embedded


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

As águas turvas da Nestlé


Há alguns anos a Nestlé vem utilizando os poços de água mineral de São Lourenço para fabricar água marca PureLife. Diversas organizações da cidade vêm combatendo a prática, por muitas razões.

As águas minerais, de propriedades medicinais, e baixo custo, eram um eficiente e barato tratamento médico para diversas doenças, que entrou em desuso, a partir dos anos 50, pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender suas fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas águas permanece. Médicos da região, por exemplo, curam a anemia das crianças de baixa renda apenas com água ferruginosa.

Para fabricar a PureLife, a Nestlé, sem estudos sérios de riscos à saúde, desmineraliza a água e acrescenta sais minerais de sua patente.

A desmineralizaçã o de água é proibida pela Constituição. Cientistas europeus afirmam que nesse processo a Nestlé desestabiliza a água e acrescenta sais minerais para fechar a reação.

Em outras palavras, a PureLife é uma água química.
A Nestlé está faturando em cima de um bem comum, a água, além de o estar esgotando por não obedecer às normas de restrição de impacto ambiental, expondo a saúde da população a riscos desconhecidos. O ritmo de bombeamento da Nestlé está acima do permitido.

Troca de dutos na presença de fiscais é rotina. O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos. A extração em níveis além do aceito está comprometendo os poços minerais, cujas águas têm um lento processo de formação. Dois poços já secaram. Toda a região do sul de Minas está sendo afetada, inclusive estâncias minerais de outras localidades. Durante anos a Nestlé vinha operando, sem licença estadual. E finalmente obteve essa licença no início de 2004.

Um dos brasileiros atuantes no movimento de defesa das águas de São Lourenço, Franklin Frederick, após anos de tentativas frustradas junto ao governo e imprensa para combater o problema, conseguiu apoio, na Suíça, para interpelar a empresa criminosa. A Igreja Reformista, a Igreja Católica, Grupos Socialistas e a ong verde ATTAC uniram esforços contra a Nestlé, que já havia tentado a mesma prática na Suíça.
Em janeiro deste ano, graças ao apoio desses grupos, Franklin conseguiu interpelar pessoalmente, e em público, o presidente mundial do Grupo Nestlé. Este, irritado, respondeu que mandaria fechar imediatamente a fábrica da Nestlé em São Lourenço.

No dia seguinte, o governo de Minas (PSDB), baixou portaria que regulamentava a atividade da Nestlé. Ao invés de multas, uma autorização, mesmo ferindo a legislação federal. Sem aproveitar o apoio internacional para o caso, apoiou uma corporação privada de histórico duvidoso. Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e sistematicamente vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, além de duas matérias de meia hora na televisão.

Em uma dessas matérias, o vereador Cássio Mendes, do próprio PT, de São Lourenço, envolvido na batalha contra a criminosa Nestlé, reclama que sofreu pressões do Governo Federal (PT), para calar a boca.

Teria sido avisado de que o pessoal da Nestlé apóia o Programa Fome Zero e não está gostando do barulho em São Lourenço. Diga-se também que a relação espúria da Nestlé com o Fome Zero é outro caso sinistro.

A empresa, como estratégia de marketing, incentiva os consumidores a comprar seus produtos, alegando que reverte lucros para o Fome Zero. E qual é a real participação da Nestlé no programa? A contratação de agentes e, parece, também fornecendo o treinamento. Sim, a famosa Nestlé, que tem sido há décadas alvo internacional de denúncias de propaganda mentirosa, enganando mães pobres e educadores para a substituição de leite materno por produtos Nestlé, em um dos maiores crimes contra a humanidade.

A vendedora de leites e papinhas "substitutos" estaria envolvida com o treinamento dos agentes brasileiros do Fome Zero, recolhendo informações e gerando lucros e publicidade nas duas pontas do programa: compradores desejosos de colaborar e famintos carentes de comida e informação. Mais preocupante: o Governo Federal anuncia que irá alterar a legislação, permitindo a desmineralizaçã o "parcial" das águas. O que é isso? Como será regulamentado?

Se a Nestlé vinha bombeando água além do permitido e a fiscalização nada fez, como irão fiscalizar a tal desmineralizaçã o "parcial"? Além do que, "parcial" ou "integral", a desmineralizaçã o é combatida por cientistas e pesquisadores de todo o mundo. E por que alterar a legislação em um item que apenas interessa à Nestlé? O que nós cidadãos ganhamos com isso?

Sabemos que outras empresas, como a Coca-Cola, estão no mesmo caminho da Nestlé, adquirindo terrenos em importantes áreas de fontes de água.

É para essas empresas que o governo governa?