sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vamos falar de liberdade.

Garopaba, SC, 30 de maio de 2011


Acordo nessa segunda-feira depois de um longo sonho com uma amiga de muitos anos. Passei boa parte da noite dançando e me aventurando com Cris Cordeiro e toda sua família. Depois do café lí um artigo do livro que Luciana nos presenteou: Gaian Economics Living Well within Planetary Limits. A autora do artigo é Vandana Shiva uma mulher indiana, forte e ativista. Justo quando inicio uma nova semana; nesse mesmo mundo onde Belo Monte será construída inundando as terras de mais de 40.000 índios do Xingú e o novo Código Florestal é aprovado com uma massiva votação dos nossos ilustríssimos representantes políticos, recebo um pouco de energia otimista para continuar a cultivar esperança ao meu redor.
Sim. Sinto revolta e muitas vezes tristeza diante de tanta incoerência do sistema que rege as teias da nossa realidade coletiva. Para mim quase nada faz sentido nesse conjunto de crenças, leis e necessidades que insistem em me empurrar como sendo a Vida, e que portanto devo aceitar resignada que: é assim mesmo.
Poderia escrever horas sobre o que me parece absolutamente errado... embora ao meu ver tudo não passaria de uma série de reações a uma única ação: a forma como compreendemos a Vida.

O que está errado é o fato de que a vida não está sendo valorizada. As vidas dos gramados, dos humanos, dos animais, das flores – todas são valiosas. Essa é a verdade universal. Vocês têm direito à própria sexualidade, a dizerem o que sentem, a seguirem a própria verdade e a não obedecerem às regras tolas de alguém”.

A mensagem é retirada de outro livro que também estou lendo agora “Terra: chaves Pleiadianas para a Bliblioteca Viva” esse foi presente da amiga flor Helena. Um complementa o outro nessa segunda-feira de sol encoberto por nuvens e vento frio. Vou através deles tecendo minha trama pessoal dentro da rede maior que nos conecta a tudo que possuiVida nesse planeta.
Pelas palavras de Vandana Shiva acesso o conceito de Earth Democracy (Democracia da Terra) que nos coloca enquanto membros de uma Família Terrestre da qual pertencem todos os seres vivos como um mosaico culturalmente diversificado. Diversidade significa liberdade. Toda e qualquer forma de monocultura: uma raça, uma religião, uma visão de mundo, indicam a exclusão da nossa liberdade. Nesse sentido animais, vegetais e minerais assumem a posição de membros da mesma família a qual pertencemos, merecendo nosso respeito, liberdade e nossa responsabilidade. E essa é realmente uma forma completamente diferente de compreender a Vida.
Atualmente vivemos um paradigma onde temos direitos sem ter responsabilidades e responsabilidades sem ter direitos. Corporações, o Estado e políticos estão aí para lutar firmemente pela manutenção desse sistema atuando através das normas, do capital e das leis... mas e se acontece de a gente querer mudar? Querer criar algo totalmente novo? Experimentar um novo paradigma para ver quais serão as novas possibilidades? E não saber por onde começar...
A gente pode ficar com medo, pode se acomodar, pode querer nem ligar e continuar a vida exatamente como está ou querer que alguém diga o devemos fazer agora. Qual é exatamente o rumo certo? Pode ser assustador para muita gente descobrir que vai ter que agir primeiro sozinho se quiser ver alguma mudança acontecer. Tudo começa dentro de nós mesmos, no quintal das nossas casas, no que pensamos, no rumo que damos à nossas vidas... e aí quem sempre coloca sua vida na mão de alguém para ser governada, esperando pelas leis e pelos decretos fica sem saber como exercer sua liberdade, por que perdeu a prática de exercer o pensamento livre... fica com medo de falar o que pensa e de viver o que acredita e assim perde sua liberdade dentro da segurança da normalidade que unifica o pensamento, massifica a cultura e pasteuriza a existência.
Sei que estou agora absorvendo informações polêmicas e novas teorias que estão a borbulhar dentro de mim mesma, mas de certa forma não temo a ebulição. Nada disso chegou até mim a toa. Eu busquei consciente. E agora recebo. Então deixa a corrente fluir, deixa ser livre, o melhor é não saber mesmo no que vai dar... por que dos caminhos conhecidos eu já sei bem o que não quero.


El Roque Nublo, Islas Canárias, España

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