quarta-feira, 6 de abril de 2011

III Encontro Nordestino de Educação e Cidadania e III Encontro Nordestino de Educação Biocêntrica

III Encontro de Educação e Cidadania e III Encontro Nordestino de Educação Biocêntrica

No ser

Ser inteiro no outro

No olhar, broto

Sorriso maroto

Lança,

Deslancha,

Brinca,

Grita,

Silencia,

Aquieta

(Poesia de Natália)


Quinta-feira, último dia de março, estou sentada no auditório do BNB Passaré. Vivencio a abertura do III Encontro Nordestino de Educação e Cidadania e Educação Biocêntrica enquanto escrevo algumas impressões. A chegada foi uma surpresa ao me deparar com quase 700 pessoas a circular e buscar suas credenciais. Quase duzentas pessoas a mais que as inscrições feitas antecipadas. Gente de todo Brasil, das comunidades parceiras do INEC e colaboradores de outros países. Os organizadores anunciaram que todos, mesmo sem inscrições seriam acolhidos pelo evento. Depois de receber nossas credenciais e compartilhar um farto café-da-manhã, sentamos na grama e ficamos a observar o intenso movimento dos participantes.

Logo na abertura do evento, no auditório repleto de pessoas, fomos presenteados com uma bela apresentação da Orquestra Filarmônica Estrelas da Serra composta por jovens e adolescentes e regida pelo maestro Hélio Jr. Emocionaram a platéia em uma apresentação contagiante. Tocaram diversos estilos incorporando o clima de cada um com adereços, coreografias e arranjos muito criativos. A platéia logo estava entregue à música dos garotos e dançava, cantava, aplaudia completamente entregue ao momento. Fico encantada em observar a espontaneidade do meu povo, cearense e brasileiro.

Somos um povo movido a alegria e amor é o recado da organização do evento para os participantes. Seguem-se falas de agradecimento e referência à educação transformadora, enquanto a energia de educadores visionários como Paulo Freire, Edgar Morin e Toro passeiam entre as fileiras apertadas da platéia.



Escolhemos o grupo de Arte e Cultura para o círculo de diálogo que aconteceu no final da manhã. Produzimos palavras geradoras e tive a alegria de ser relatora do grupo e transcrever em palavras nossos sentimentos que foram lidas junto aos relatos dos outros grupos.


O segundo dia do evento foi o dia mais intenso de atividades para nós. Pela manhã mesa e apresentações artísticas no auditório, seguidos dos círculos de diálogo. Dessa vez vivenciamos o de Meio Ambiente, no qual a dinâmica era diferente. Formamos dois círculos: o de dentro se expressava com o estímulo de palavras geradoras postas no solo presas a pedrinhas; o de fora observava. No final construímos uma árvore com as palavras geradoras. Manu foi a relatora e compartilhou nossa experiência para todos no auditório.
Passamos a tarde na companhia do padre Rino e dos índios Pitaguaris. Dançamos e cantamos para iniciar a tarde. Os tambores marcando a pulsação no Torem. Sentamos em círculo ao redor de filtros dos sonhos, colares, penas, pedras e diversos objetos de poder que mesclavam a tradição nativa norte-americana Lakota e do povo indígena Pitaguari, nativos das nossas terras ensolaradas. Senti um despertar da nossa ancestralidade. Percebi o quanto sei pouco sobre meus ancestrais e senti vontade imediata de indagar minha avó sobre essas coisas. Outro forte sentimento que permeou o encontro foi o de pertencer. Enquanto muitos jovens nativos indígenas nascidos em comunidades negam sua identidade cultural, muitos de nós que nem ao menos sabemos pistas sobre nossa etnia sentimos a força da cultura indígena pulsar em nossas veias. Enquanto Carlinhos falava sobre as dificuldades do FUNAI reconhecer alguém legalmente como índio me atravessava o pensamento: quem de nós brasileiros não tem um muito de índio também! Compartilhamos o cachimbo com ervas e menta para selar nosso entendimento. O dia acabou com uma gigantesca roda de biodança, uma caldeira a pulsar vida e a emanar amor ao nosso coração e ao cosmos.
O terceiro e último dia amanheceu chovendo. Chegamos no finalzinho do Maracatu e sentimos pela energia gerada no ambiente que a apresentação foi especial. Logo as salas das vivências ficaram lotadas. Consegui um cantinho e fui recebida com amor por Clevandira e Clélia em sua vivência para exercício da criatividade. Muita biodança troca de olhares, desenhos e abraços. O tempo passou voando. Depois do almoço, que foi gentilmente doado pelo evento, produzimos uma pequena apresentação utilizando nossos corpos e desenhos que compartilhamos em seguida com todos. Teve também bandinha com os meninos do Sussuí e Circo explodindo em cores e alegria.
A Maloca esteve presente com a participação de Núria, André, Paulo, Drica, Rafael Planta, Gisa e Luciana que apresentou uma vivência sobre o trabalho no Sussuí no primeiro dia pela tarde. Fica aqui nossa gratidão a toda a turma biocêntrica de educadores revolucionários que acreditam em uma educação viva e nos proporcionaram essa troca de conhecimento e vivencias.

Sou Drica Oliveira, arte-educadora e colaboradora da Maloca. Essa foi a minha experiência pessoal nesses dias biocêntricos que compartilho com vocês!

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